Despedida do Fusca: o clássico da Volkswagen vai desaparecer?

Se você é apaixonado por carros, provavelmente já deve saber: o último Volkswagen Fusca do mundo foi produzido em 2019 e, desde então, esse clássico deu adeus a todos nós.

Após uma trajetória de 84 anos, a Volkswagen encerrou oficialmente a produção mundial do Fusca, que desde 1997 ganhou uma remodelagem moderna e passou a ser chamado de New Beetle.

Sua última unidade, produzida em 2019 em uma fábrica de Puebla, no México, encerrou um dos projetos mais ousados e mais emblemáticos da empresa alemã. Mesmo assim, ao longo de sua existência no mercado, muita história e muitas revoluções foram criadas a partir do queridinho do Brasil.

Em todo o mundo, foram produzidas cerca de 21 milhões de unidades desde o lançamento real de seu primeiro exemplar, que saiu da fábrica no finalzinho de 1945. Deste total, mais de 3 milhões de unidades foram produzidas em solo brasileiro, o que fez do país o terceiro maior produtor do veículo, perdendo apenas para a Alemanha e para os Estados Unidos.

Claro, ainda existem muitos proprietários orgulhosos dessa raridade que não abrem mão do clássico, mas a verdade é que nunca mais alguém poderá tirar um autêntico Fusca da concessionária. Pensando nisso, decidimos trazer para você mais sobre a história e a importância desse veículo, que mudou e moldou o setor automotivo e fez parte da história de muitas pessoas. Confira!

A história do Fusca

Conhecido na Alemanha como Volkswagen Type 1, o Fusca nasceu com a missão de ser um carro popular. na década de 1920, a Alemanha era um dos países menos motorizados da Europa, e embora tivesse uma indústria automotiva sedimentada, não conseguia ancorar a cultura dos veículos de passeio com tanta propriedade.

Isso acontecia principalmente por conta da impossibilidade de grande parte da população de adquirir os grandes carros luxuosos que eram fabricados na época. O país vivia um momento financeiro problemático, principalmente por conta dos efeitos da Primeira Guerra e, mais tarde, pelos efeitos da Grande Depressão de Nova York, em 1929.

Com isso, a única alternativa era criar um automóvel de baixo custo, que pudesse substituir as motocicletas usadas até então pelo povo alemão. Assim, surgiram os projetos Typ 12 e Typ 32, ambos assinados pelo engenheiro austríaco Ferdinand Porsche com o objetivo de atender a essa demanda.

O então chanceler alemão Adolf Hitler, em 1933, se surpreendeu com os projetos de Porsche e resolveu investir na criação do então chamado “carro do povo”, impondo algumas condições: que o modelo fosse barato, tivesse a capacidade de carregar quatro passageiros e que fizesse, no mínimo, 13 km por litro de gasolina.

Com base nas exigências, muitos protótipos foram desenvolvidos até que o então (e definitivo) Typ 1 fosse aprovado. Claro, durante a Segunda Guerra Mundial, o projeto precisou ser pausado, já que a Volkswagen precisava produzir veículos militares para suprir as necessidades da guerra.

Em 1945, com a ocupação da Alemanha pelas potências aliadas, a fábrica da VW em Wolfsburg conseguiu retomar o desenvolvimento do projeto. Na época, o já apelidado Beetle começou a ser fabricado para suprir as necessidades das forças de ocupação que estavam no país.

Oficialmente, a produção comercial começou no final de 1945, logo após o Natal, e já em 1947 o Fusca ganhava o mundo, passando a ser exportado com grande sucesso.

Até 2003, quando o último Fusca tradicional foi produzido na fábrica de Puebla, no México (sim, a mesma que produziu o último New Beetle), foram mais de 21 milhões de unidades produzidas em todo o mundo.

Esse clássico da Volkswagen chegou ao Brasil em 1950, importado diretamente da Alemanha. Três anos depois, o país passou a fabricar seus autênticos Fuscas brasileiros, quando a Volkswagen instalou sua primeira unidade em São Paulo.

No Brasil, cerca de 16% do volume de mundial de fabricação foram supridos, principalmente depois da produção ser transferida para São Bernardo do Campo. Ao todo, foram fabricados cerca de 3,3 milhões de Fuscas em nosso país.

Em 1986 a Volkswagen declarou que pararia de fabricar o Fusca, alegando que era um modelo muito obsoleto. Mesmo sendo o segundo carro mais vendido daquela época, atrás apenas do Chevrolet Monza, a empresa suspendeu a fabricação do modelo, voltando em 1993 e seguindo com a linha de produção até 1996, quando a empresa deixou oficialmente de produzir o modelo clássico e passou a investir na remodelagem moderna que criou o New Beetle.

A volta do Fusca?

Foi anunciado no comecinho de novembro desse ano o que parece ser o retorno do Fusca. Porém, as esperanças de um retorno triunfal do amado besouro foram um tanto frustradas, já que nem o nome e nem a própria Volkswagen estão envolvidos no projeto.

Desenvolvido pela fabricante Great Wall Motors, o chamado Ballet Cat se parece demais com nosso amado clássico, porém existem muitas diferenças entre o Fusca e o lançamento da empresa chinesa. O primeiro e maior deles é que o famoso motor a ar virou um propulsor elétrico.

O até pouco tempo conhecido como Punk Cat parece ter sido rebatizado e então apresentado no Salão de Xangai deste ano. Logo em seguida, o Ballet Cat foi registrado no país pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e já se prepara para povoar as estradas brasileiras.

De acordo com a Great Wall Motors, as operações serão iniciadas no Brasil em 2022, na cidade de Iracemápolis (SP), ocupando uma antiga fábrica da Mercedes-Benz.

Como uma promessa da montadora para competir no mercado em expansão dos carros urbanos elétricos em nosso país, o Ballet Cat é uma releitura do Fusca dos anos 1960, mas virá cheio de tecnologia e modernidade.

Apesar dos SUVs e das picapes serem os grandes “carros-chefes” da montadora no Brasil, essa parece ser uma novidade promissora, principalmente para os saudosistas e apaixonados pelo modelo original que, de fato, deixou muitas saudades por aqui.

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